Este frio que nem chega a sê-lo obriga-me a recolher. Há coisas boas nisto da vida se resolver no Outono.
Fecha se agora e temos um tempo de nós, de chá, de manta. Um tempo em que é aceitável não ter coisas combinadas, não ir, não fazer.. porque está frio.
Não sei se o frio é só exterior, mas depois do Inverno frio e chuvoso, recomeça se com a Primavera... Aos poucos volta a vida, volta o calor e o sol.. os braços abrem se e agradecem o que vier, que já é bom.
Agora é preciso sentir e deixar fechar..
4.12.18
Frios
3.11.18
I´d rather start again...
Há uns momentos estranhos em que nos afogamos.. é extraordinária a forma como voltamos à tona, como nos reviramos, como nos limitamos a ir.
Foi escuro, foi fechado e sufocante... permitimo-nos depois respirar, abrir os olhos e ver... seguir...
Não estar sozinha, não me perder, não desaparecer.. a luz... aquele que nos faz respirar, que acalma que revira e nos traz à superfície..
A vida para ser vivida além do que nos consumiu. Guardar. Parar para poder fechar.
Agradecer e recomeçar.
A vida com tudo o que ainda pode ser. Acreditar. Ir.
(suspiro)
23.8.18
Retornos..regressos
"we return to each other like waves. That's how the water loves"...
And so you're back as I said you would...
E na verdade muda-se tudo e adapta-se tudo porque chegas e sempre foi assim. As vidas suspendem se todas porque há vida de volta ao palacete. Há luz e há música.
Gargalhadas ao abrir a porta, abraços sem que saibamos de que lado vem o próximo e tu... Tu que me fazes respirar fundo antes de me pôr em bicos dos pés para um abraço, para estar inteira naquele momento do regresso a casa.
Deixar me estar e ficar... Ir... Ser... Tentamos por ordem que a vida fique em dia. Umas histórias mais leves e outras mais pesadas, umas resolvidas e outras a resolverem se, umas de gargalhar e outras de chorar...
Que elo poderoso este que és. Fazes (me) falta todos os dias, és (me) necessário todos os dias... Pedir te que fiques não é opção e ficar vazia quando partes é rotina, mas quando estás, a (minha) vida suspende e permite me encaixar todas as peças.
Obrigada a ti todos os dias... Obrigada pela minha vida tão melhor contigo, convosco...
Obrigada!
2.8.18
A chegar
Sei que estás a chegar.
Sei porque andei mentalmente a pedir que chegasses durante meses.
Sei porque durante meses precisei que cá estivesses por todos os motivos que já te dei e muitos outros que adivinhas.
Sei porque só vens quando deixo de precisar.
Sei porque só chegas quando estou preparada para te receber.
Sei porque são já "mil anos" de estares e não estares.
Sei porque ainda que não precise, estou desejosa que chegues, por todas as razões óbvias e as menos óbvias.
Vem!
16.5.18
Agradecer
Obrigada!
15.4.18
22.3.18
Com 14m de atraso..dia Mundial da Poesia
"Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento"
Sophia de Mello Breyner Andresen
15.3.18
Pasmo
Penso em como as pessoas nos surpreendem. Naquilo que pensamos e da forma como as vemos. Aquela inteligência que existe e que num ápice me faz exclamar "que burro!".
Penso no egoísmo e na dor que se causa aos outros e depois lembro me que tudo tem um propósito: Ajudar a fechar, a acabar, a encerrar.
O ser humano tem uma forma ridícula de aprender pela experiência e normalmente pela dor e pelo arrependimento... somos uns "tristes"..
A vida é feita de escolhas. Vivemos com o resultado delas. Sempre.
8.3.18
ZM
Um fim de semana a Sul.
Um rapto para um pôr do sol que quase não iria acontecer.
Anos de vida em 1h30.
Do que sempre foi fácil e ao mesmo tempo tão difícil.
Ao que seria fácil e que se mantém difícil.
À presença que se fez ausente, presente e ausente.
Ao que este mundo não permite e que outros provavelmente já conseguiram fechar.
A um festival à beira rio.
A um Arco em Lisboa por uma promessa.
Ao andar sem destino.
A fotografias eternas.
Às lareiras e aos medronhos.. "Na noite em que bebeste medronho..."
Dos vazios e dos suspensos..
"Possuir é perder. Sentir sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência" (Fernando Pessoa)
18.2.18
And here we were...
Pus a morada no GPS (não sei como vivi e conduzi alguma vez sem isto!) e fui.
Dei por mim a fazer o mesmo percurso que tantas e tantas vezes fiz para o Palacete.
Virei antes. Estava atrasada.
Quando saí confesso que fiz o percurso mais longo. Queria vê-lo.
Sabia-o vazio. Tu estás algures em Seul. Parei à porta. Tudo escuro.
Tinha a pirata no carro, porque se não tivesse tinha estacionado e entrado. Sei os códigos todos (ironia de alguém que nem o seu número de telefone sabe)... tinha entrado e ido buscar a chave que sei perfeitamente onde está... teria acendido a luz da mesa da entrada (a da esquerda) e seguido para o escritório onde acenderia a luz da secretária.
Não iria logo para a sala porque estarias no escritório. Iria sentar-me na minha cadeira em frente à secretária e arrumar as canetas que certamente estão por lá espalhadas. Depois sim, depois iria à sala.
Acenderia o candeeiro alto que está entre as portadas que dão para o jardim e iria sentar-me na minha poltrona amarela. Penso que nessa altura fecharia os olhos e esperaria que chegasses, com aquela tua passada forte, que te dirigisses à aparelhagem e escolhesses música (hoje possivelmente a Nina).
Provavelmente terias trazido do escritório qualquer coisa para eu ler e ficarias sentado, na tua ponta do sofá à espera da minha reacção.
Era nesse momento que vocês chegavam e ocupavam os vossos lugares. O G. iria para a cozinha porque "tem de haver algo que se coma"... iríamos rir e esperar pelo inevitável "AH HA".. a noite continuaria entre petiscos\pratos, vinhos e conversas.. sérias ou pouco sérias, mas nossas, de clube privado onde não somos nada menos do que nós.
Este cenário formou-se em 20 segundos de contemplação do Palacete. Desci em direcção ao rio e não pude deixar de pensar: tanta falta me faz aquela casa com tudo o que me deu sempre...
1.2.18
Apanho o próximo...
Despertou-me a atenção porque ele se levantou num ápice e percebi que seria para apanhar o comboio do qual eu ía sair.
Mas voltou a olhar para ela e estendeu-lhe a mão que ela agarrou-a e aproveitou para o puxar para si novamente. Ele não se sentou, mas inclinou-se para a beijar. Riram-se depois do beijo e quando eu saí do comboio ele voltou a sentar-se ao lado dela, abraçando-a, desistindo daquele comboio...
Quase que aposto que também não apanhou o seguinte. Quase que aposto porque o meu mundo voltou atrás mil anos. Porque também eu namorei na estação quando o B. vinha de Cascais e eu ficava ansiosa à espera de um comboio que pelo que me parecia, não iria nunca chegar.
Mas chegava. Sempre na mesma carruagem o B. saía. Com aquele estilo de beto rebelde com o qual eu sempre gozei, mas sempre com um sorriso imenso. Éramos simples, ingénuos de alguma forma.
Passeávamos pela praia (quantas vezes íamos a pé até Cascais) e voltávamos.
O B. dizia que tinha de apanhar o comboio e íamos para a estação. Ali ficávamos os dois em namoro, encostados um ao outro e quando a sirene começava a tocar o B. levantava-se decidido a apanhar aquele... mas quando me estendia a mão eu também a agarrava e também a puxava para mim para o obrigar a beijar-me... aquela decisão toda de que tinha de ser aquele comboio, caía por terra, porque ficava novamente sentado ao meu lado a sorrir. A resposta à minha pergunta "não ías apanhar o comboio?", era invariavelmente (e a rir)"Apanho o próximo"...