23.11.14

O Mundo começa a ser pequeno...

Lembrei-me esta semana que há um ano me mudei para o Qatar.

Passados sensivelmente 3 meses estava a começar em Madrid.

De amanhã a uma semana regresso a Lisboa.

De hoje a mais ou menos um mês, estarei no Dubai.

(entretanto fui e voltei ao Qatar, fui e voltei várias vezes a Lisboa, fui e voltei de São Paulo e fui e voltei do Dubai).

Era. isto.

24.9.14

Quando se cresce ou quem sempre foi adulto!

Hoje pediu-me por whatssapp (do pai claro) que lhe ligasse porque é difícil contar as coisas a escrever e ainda demora a fazê-lo.

Liguei. Ouvi-a. O mundo dela, as coisas dela.

Suspirou a determinada altura. Concluiu dizendo: "a verdade é que a vida me dá surpresas quase todos os dias".

Perguntei-lhe: "Boas ou nem por isso?"

Respondeu: "Mesmo que eu não goste muito delas, são sempre boas. Uso-as depois para qualquer coisa".

Do alto dos seus 13 anos acabados de fazer esta capacidade de aceitação! ... E ainda dizem que o mundo está perdido!

11.9.14

Viagem

Nunca tinha pensado nisso, nem nunca o quis.
Ele também não.
Quando começámos a namorar, surgiu sempre como algo normal e passível de acontecer.
O tempo passou e não quisemos que passasse mais.
Queríamos sim que fosse longe e que fosse uma coisa nossa. Um dia só dos dois. Por variados motivos não conseguimos que fosse longe e marcámos conforme as minhas férias.

11/08. 2ª feira. 11h. Só os dois.

Entretanto, uma semana e meia antes veio o peso na consciência. O privar pais e irmãos de algo que para nós era (é) uma marca fundamental.

Contámos. Se tivéssemos dúvidas relativamente a como seria aceite o nosso casamento, a partir do momento em que partilhámos teríamos imediatamente deixado de as ter.

Aqui cabe um agradecimento... os abraços, os sorrisos, as explosões de felicidade que inundaram as nossas vidas através de telefonemas, msgs, whtassapp, emails, skype... Obrigada pela presença e pelas imensas manifestações de carinho. Tenho a melhor família e os melhores amigos do Mundo.

Foi tão bom ter-vos contado que a festa do ano que vem está prometida. Só mesmo porque sim, porque depois ficámos com pena de não o ter feito e de não termos tempo de a fazer convosco.


Hoje faz um mês. Estamos casados há um mês. Não mudou nada e no entanto mudou tudo.

Obrigada a ti sempre pela viagem. Esta que é nossa e tão fantástica.


13.7.14

M&S; M&J, F&H...

Hoje faz um ano que a M e o S se casaram.

Esta semana fez 3 anos que a M e o J se casaram.

São dois casais que admiro profundamente. Apaixonaram-se e lutaram. Tantas vezes longe um do outro por tanto tempo. Aguentaram sempre.

Havia projecto futuro, crença, presença. Sempre foram cúmplices, amigos, verdadeiros, respeitadores dos limites uns dos outros, dos tempos, das vontades... "O amor é paciente, o amor é benigno..."

Não adivinho o futuro, não sei o que a vida nos prepara, nos reserva... que provas há para superar... Mas se tivesse de apostar, estes dois casamentos têm 100% da minha fé e foi por isso que me marcaram tanto e me emocionaram da forma como me emocionaram.

São a minha prova de que é possível e nem que seja por isso, sou-lhes grata pelo exemplo!

Fui convidada para madrinha de casamento do H quando se casar com a F em Outubro. Conheço-o, aprecio-o, amigo... sei-o correcto de principios e apaixonado pela F. Aprendi também eu a apaixonar-me por ela e é tão facil apaixonarmo-nos por alguém que é transparente e puro.

Venham casamentos assim, que inspirem, que estejam perto para que possa aprender e "imitar".

"O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconveniente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça mas regozija-se com a verdade. Tudo sofre, tudo espera, tudo suporta"

(Trecho da Carta de São Paulo aos Coríntios)


25.6.14

"É mais fácil os peixes começarem a comer das árvores"

Lembro-me de uma frase que me repetias vezes sem conta e que mexeu com a minha cabeça de menina sonhadora: "Ninguém muda ninguém". Disseste-a tantas vezes que ficou gravada cá dentro e a vida veio provar-me que tinhas razão.

Penso que é característica do ser-humano tentar moldar o outro a si mesmo. Convenhamos que é mais fácil existirmos perto de pessoas que são parecidas connosco. Que pensam e agem de acordo com aquilo que nós consideramos padrão. Eu era muito assim e agora estou menos assim.

Acredito que as pessoas mudam. Acredito que se alguém se analisar e analisar a sua vida, pode escolher mudar quando reconhece que é mais feliz sendo de outra maneira.

As nossas "não virtudes" são tramadas, especialmente quando não as reconhecemos. Falhamos muito. Eu ainda falho muito.

Às vezes é preciso falhar várias vezes e acabar por magoar alguém para descobrir o caminho certo. Da mesma maneira que é preciso aprender que a 2ª e 3ªs mudanças só se conseguem pôr depois da primeira, e que não vale a pena ir em 5ª se o caminho é de terra batida e aos saltos.

É por isso que não acredito em mudanças de comportamentos, de pensamentos, de condutas de um dia para o outro, de uma semana para outra, de um mês para o outro. Não acredito que alguém mude por medo de perder, por chantagem, por pressão, aquele "tem de ser assim, se não for assim...", mesmo que tudo em processo inconsciente...Não acredito que alguém que mente deixe de mentir só porque foi apanhado. Não acredito que alguém que trai deixe de trair só porque foi descoberto. Não acredito que alguém que diga palavrões deixe de os dizer só porque lhe disseram que era feio, etc...

Mas ao contrário de ti que dizes "é mais fácill os peixes começarem a comer das árvores", acredito que se alguém reconhece que a honestidade é a melhor forma de construir relações e que a fidelidade é o principio base de qualquer uma delas, essa mudança pode ir acontecendo, mas por auto-conhecimento ou por (re) conhecimento e isso demora e demorará... 

(Acho que apesar de tudo tenho mais fé no ser-humano do que tu, hein?)


 

21.6.14

Viva El Rey

Ora bem... O Juan abdicou e passou a Espanha ao filho homem (único e mais novo)...

A chatice toda desta história é eu ser uma republicana convicta e achar isto tudo um enorme disparate.

Entendo a parte do ser bonito, porque todos nós crescemos com as histórias das Rainhas e das Princesas (as meninas especialmente). Percebo a parte do glamour e convenhamos que é muito mais bonito ter este par do que ter um Cavaco e uma Maria.

Mas continuo da opinião de que a monarquia é um sistema retrógado e que se o Filipe queria mesmo reinar com legitimidade e que se estão tão confiantes em como os espanhóis querem uma monarquia, não lhes fazia nada mal terem arranjado um referendo. 

A questão é que não há nenhuma monarquia da história que tenha acabado sem ser por revolução... e isto seria novo e a Constituição diz que é uma monarquia... Mas as coisas alteram-se, ou não?

Podemos como diz uma colega aqui do escritório, aceitar que é só um diplomata, sem grandes poderes, (o que até é verdade) e ir levando a vida... o que mexe com o meu sistema nervoso é que mais ninguém em Espanha pode ter esse papel, por mais competente que seja. Ninguém, mesmo que queira muito pode ser Rei! 






A mim revolta-me e não sou espanhola nem casada com o Rei... a Leti cheira-me que é tão ou mais republicana que eu e vai ser rainha que se l$#"... (As princesas é que são adoráveis!!)

28.5.14

Da marca

Nestas últimas três semanas entre trabalho, viagens, fusos horários diferentes, estrada, ar... 

Nestas últimas três semanas não mudou nada e no entanto... o meu mundo nunca mais será o mesmo!

13.5.14

33! Obrigada!

Não há sentimento melhor do que o agradecimento! Acho que gosto tanto de fazer anos porque passo esse dia a agradecer.

Agradecer-vos portanto a todos e a cada um... agradecer aos senhores que todos os dias limpam as ruas, ao Sr. que repõe o café na máquina, às senhoras que limpam o escritório e a minha secretária... obrigada aos meus colegas de escola, de faculdade, de trabalho que me ensinaram a ser em equipa, de todas as vezes em que me dedico a projectos.

Obrigada ao Sr. da frutaria em frente de casa que me faz sinais com a cabeça quando pego em fruta que não está fresca, a quem se cruza comigo na rua e me oferece um sorriso e mesmo aos que não o fazem por estarem tão absorvidos no seu mundo porque me "obrigam" a mim a sorrir.

Obrigada a todos com quem tenha sido menos justa, menos simpática, menos atenta... a quem não tratei como mereciam ou com quem não fui tão boa quanto esperavam, mas que ainda assim não saiem da minha vida.

Obrigada a quem me concede o benefício da dúvida, obrigada a quem me dá o exemplo de trabalho com brio, com honestidade, com vontade e paixão e não se entrega à "crise", ao comodismo e à tristeza generalizada.

Obrigada às pessoas prestáveis. Obrigada às que não são e que com isso me fazem ser. Obrigada aos que ajudam quem precisa e quem não precisa. Obrigada pelo exemplo daqueles que são sempre úteis.

Obrigada sempre, todos os dias às pessoas da minha vida a quem devo tanto do que sou: boa, menos boa... mas sempre eu.

Agradeço sempre à minha Vida e ao facto de todos os dias (mesmo naqueles em que duvido) ser tão extraordinária!

Viver é a minha aventura!

25.4.14

25/4

"O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo "
Sophia de Mello Breyner

19.4.14

I

"E ela imaginou com sede a água clara e fria em roda dos seus ombros, e imaginou a relva onde se deitariam os dois, lado a lado, à sombra das folhagens e dos frutos. Ali parariam. Ali haveria tempo para poisarem os olhos nas coisas. Ali poderiam respirar devagar o perfume das roseiras. Ali tudo seria demora e presença. Ali haveria silêncio para escutar o murmúrio claro do rio. Silêncio para dizer as graves e puras palavras pesadas de paz e de alegria. Ali nada faltaria: o desejo seria estar ali."

(Sophia de Mello Breyner Andersen)

I

O melhor de todos.

17.4.14

GGM


Deve haver pouco da obra que não li... Quando se tem este grau de entendimento da vida, tornamo-nos eternos.

Vai o homem e fica a obra. Vá descansar... como é que era aquilo que dizia: "Nadie te puede tirar los bailes que has bailado"?

16.4.14

Desabafo

Acabei de escrever um post tão agressivo que até eu me senti incomodada quando o reli para publicar.

Assim sendo guardei-o para um dia em que esteja tão saturada de pessoas com perturbações emocionais que perca o filtro e o publique.

Era isto! Obrigada e boa noite!

31.3.14

1 ano de Principezinho!

Lembro-me que há um ano fui acordada com uma foto da mãe no elevador da Cruz Vermelha, com um imenso sorriso de felicidade porque ías chegar.

Também me lembro de me fazer à estrada debaixo de um temporal incrivel em que tudo voava. Nem o facto de ser Domingo de Páscoa dava tréguas à chuva, ao vento e ao frio.

Quando cheguei estava um total silêncio no piso vazio. Invadi o corredor dos quartos e vi o pai a sair de uma porta e logo de imediato ouvi-te chorar! Comovi-me de imediato, mais ainda quando a mãe saiu da sala de partos e me encontrou no corredor...

Sabes F, não há uma alegria maior do que saber que nasceste filho de duas das pessoas mais extraordinárias que conheço. Só por isso já foi um dos dias mais felizes da minha vida.

Foi um ano cheio... mas foi especialmente cheio de alegrias tuas... da forma como punhas os braços para cima quando adormecias, dos teus primeiros sorrisos, dos teus primeiros sons... da descoberta das mãos e dos pés, da primeira sopa, da primeira ida à praia... das bolachas, dos choros, do génio que se nota.. dos primeiros tombos, do gatinhar/arrastar...o teu baptizado, ter verbalizado a promessa de ser sempre parte da tua vida...

Querido F., PARABÉNS! Que sejam todos os anos repletos de descoberta e de crescimento, com a certeza de que a Tia Mikitas estará sempre de mão dada contigo a crescer e a descobrir!















30.3.14

"Obrigação" - Da Sabedoria do Palma!

"Sim, meu amor, está bem meu amor
eu sei que tu tens razão
- dizia-te eu, às vezes, para acabar
com a discussão...
E lá íamos vivendo,
entre dois copos e um bom colchão,
um futuro à nossa frente
e muito amor para mostrar a toda a gente.
Como era bem vivermos a dois
sem nos darmos mal
(uma canção estrangeira e um filme antigo
no telejornal),
e uma noite tu disseste:
já dei p´ra ti meu... vou arrancar!
E lá fiquei eu, sozinho,
a conversar com os meus botões e a tentar
descobrir a causa
que nos levou a tal situação...
Já achei uma ideia que é bem capaz
de ser a solução:
Acho que nós passamos muito tempo
a misturar tripas com coração
e a verdade é bem diferente. 
Para haver amor não pode haver o-briga-ção." - Todo um tema a ser desenvolvido um destes dias...

26.3.14

1 mês de Madrid...


E já tenho rebentos!

Só de pensar que há um mês aterrei em Barajas e que entretanto comecei a trabalhar, arranjei casa, internet (oh maravilha do séc XXI), plantei agrião e salsa e que o gato chegou do Qatar...

Que há dois meses estava outra vez a caminho do Qatar depois de uns dias em Lisboa e que fui só fazer malas para vir para aqui e o A. para o Dubai...

Que há três meses celebrei o Natal no Qatar com o A. e o gato... se me puser a repassar o último ano desta minha vida... cabe lá dentro uma vida inteira!

23.3.14

A vida tem uma forma engraçada de dar tempos às coisas.

Notei que de há uns tempos para cá, o tempo (perdoar a redondância) tem tido muita importância. Não é o tempo que me dita as regras, mas os objectivos que traço que esperam o tempo certo para acontecer.

"O Universo conspira a nosso favor". True! É só deixar acontecer. Penso que finalmente entendi que a Paciência não é andar devagar "com a Paciência chegamos mais rapidamente"...

Tenho um agradecimento imenso para fazer e uma data certa para o verbalizar.

Agora é Primavera, é a Quaresma... é tempo de renascimento. E o tempo, esse, é no tempo certo!

10.3.14

Mudanças...

Dizem que é do signo (Touro) que odeia mudar seja o que for. Admito que sim.

Sempre me foi muito difícil, penoso até, mudar fosse o que fosse. Mudar de escola era uma angústia, mudar de ambiente também. Sempre me senti segura com rotinas, como as crianças pequenas. Saber que tinha sempre um sítio certo para chegar, a minha cama para dormir, a minha roupa nos armários... os meus livros, os meus cd's, as minhas fotografias.

Gosto de ter os meus sítios para ir e saber que estão lá à minha espera.

Lembro-me que quando decidi fazer Erasmus a família ficou entusiasmada por eu ir, mas não disfarçaram muito o receio pela decisão. Acho que se perguntaram: "Será que se aguenta?".

De facto, foi por pouco. Lembro-me que os primeiros dias foram terríveis. Pensei tantas vezes: "Estava tão bem em casa, o que é que eu vim fazer??".

Um dia, numa crise de choro em que pensei em fazer malas e voltar para casa, decidi dar tempo a mim mesma. Marquei um mês no calendário. Se passado aquele mês me continuasse a sentir insegura e infeliz, voltava para Lisboa e estava tudo bem.

Como não tinha nada a perder, permiti-me começar a viver. Ao fim do prazo já estava integrada. Já tinha rotinas, amigos, casa, quarto, um espaço meu, de cabeça principalmente...

Apesar de tudo o que já vivi desde aí, o que é facto é que as mudanças ainda me causam angústia, stress... acho que tenho um ritmo próprio de adaptação. Demoro... mas aprendi a respeitar-me nesses tempos. A conhecer que fico mais susceptível, mais perdida, mas que passa...

Nestes últimos cinco meses mudei-me para o Qatar e agora para Madrid... Ainda não me sinto parte de lugar nenhum.

O bom da experiência é que sei que não tarda esta cidade passa a ser minha!

9.3.14

"Sim's" da vida!

Ao fim destes anos todos (15, será?) em que me habituei sempre a que fossem a F e o P, mesmo quando por alguma circunstância e por momentos o deixavam de ser, parei de tentar dar forma ao que eram.

Estavam e existiam. Algumas vezes em tempos diferentes, mas eram. 

Dizia-me ela há umas semanas que era o momento, que era o tempo e que o sentia como certo. Então arriscou, pensou, preparou, depois de ter decidido na cabeça dela que sim.

No dia 07/03 pediu o P. em casamento numa manifestação de coragem de dar um passo tão sério. 

E mais uma vez o orgulho aumentou! 

Venha o dia, venham mais "sim's" e que a vida siga no caminho certo!

4.3.14

"O meu reino é meu como um vestido que me serve.

E sobre a areia sobre a cal e sobre a pedra escrevo: Nesta manhã eu recomeço o Mundo"


Sophia de Mello Breyner Andresen

(Porque esta coisa de recomeçar todos os dias cansa...)

14.2.14

Qatar I

O Qatar nunca existiu no meu Universo. Para ser franca, sabia que fazia fronteira com a Arábia Saudita e que era uma península banhada pelo Golfo Pérsico.
Quando o A. começou a falar do país aprofundei o pouco que sabia, ou seja, google e fiquei com mais alguns elementos.

O que é facto é que nós europeus (e eu sou tão e cada vez mais europeia), nunca estaremos verdadeiramente informados ou preparados para viver num país do Médio Oriente.

É tudo diferente... por muito que o A. me tivesse dado imensas ideias, exemplos do que era, só quando aqui cheguei e comecei a viver este mundo, é que as diferenças se tornaram palpáveis, reais...

O Qatar tem um Emir. Todos os outros orgãos administrativos não existem ou são "formalmente" ocupados pelo resto da família. O engraçado é que há ministérios para tudo, até para a agricultura que aqui há, num cultivo do tamanho do estádio da Luz, vá. Mas o Ministério é enorme, com imensos andares... Os qataris são muito poucos em número cerca de 350.000. Esses são riquíssimos por causa do gás natural. Tudo o resto são emigrantes qualificados com um nível de vida médio e os pobres (paquistaneses, filipinos, egípcios,...) que têm alguns poucos negócios e são geralmente os funcionários dos restaurantes, cafés, etc... São também os operários da construção desenfreada que há aqui.

Não há legislação laboral. Aqui as obras são contínuas (24h sob 24h). Fazem turnos de 12h seguidas, vivem em contentores nos limites da cidade de Doha, todos juntos e ao molho e têm meia folga por semana.

Também não há lei do ruído como em qualquer país civilizado, por isso se por azar vivermos ao lado de um prédio em construção, não dormimos e pronto. A polícia não pode fazer nada e o dono da obra não a vai parar.

É das primeiras coisas que notamos em Doha... a imensa construção... Completos elefantes brancos, já que não há população em número que habite ou utilize para escritórios esses edifícios.





O trânsito é um caos. Dizem que é igual em todo o Médio Oriente, Norte de África, Indía... Mas nunca tinha visto nada assim. Buzinam sempre por nada e por coisa nenhuma. Atiram-se sem piscas, sinais, alertas... saiem dos parques de estacionamento quando querem, não páram nas rotundas... Quase todos têm carros enormes, jipes, carrinhas... sobem passeios porque querem virar à direita, sobem só porque sim.
Como as auto-estradas aqui atravessam o deserto, quem tem jipes evita o trânsito a conduzir pela berma... Conduzem com o Iphone numa mão e o BB na outra...

Não ando tapada ao contrário do que todos perguntam. Não ando de mini-saias, mini-calções e não uso decotes. Quem me conhece sabe que em Lisboa também não uso, por isso não tive uma adaptação radical. 
Alguns cuidados com os ombros, sempre tapados, com lenços ou casacos. Não há propriamente problema em andar "destapada" na rua, mas se os ombros estiverem destapados, houver decotes ou vestidos curtos e justos, os homens olham. E olham muito e à descarada. Mesmo que o A. esteja ao pé de mim, eles não se páram de olhar. É uma sensação desconfortável que prentendo evitar sempre.

As mulheres andam normalmente tapadas. Depende do marido ou do pai se podem andar com a cara à mostra ou não. Normalmente essa obrigação surge com a mudança de idade, mas já vi meninas pequenas tapadas, por isso não há regra.

Parecem todas iguais, umas ninjas. No entanto, começamos a perceber que os panos são de melhor ou pior qualidade, que alguns têm alguns relevos nas extremidades, alguns poucos brilhantes, enfim... Também dá para perceber quando se sentam que usam sapatos Prada, MB, etc... enchem tudo o que seja loja de lingerie e é vê-las com os modelitos mais inacreditáveis nas mãos.

Os homens também parecem andar sempre de igual, mas depois reparamos nas diferenças dos panos, das cores... já distinguimos se são omanitas, iranianos,... o A. distingue-os muito bem, eu ainda estou a aprender.

O Qatar é a cidade de Doha. O país já de si é mínimo, cerca de 11.000 Km2. Até meados do séc XX as únicas fontes de sobrevivência do país eram as pérolas e alguma pesca. Foi um pretetorado britânico até 1971, altura em que se tornou independente e em que começou a viver do petróleo e do gás natural.

Não lhes falta dinheiro e chega a ser imoral os montantes gastos nas coisas mais inacreditáveis que são usadas um ano ou alguns meses e depois abandonadas. Perto de casa há um stand de "Bentleys" abandonado, com os carros lá dentro a ganharem pó...

Aqui interessa sobretudo o "status". Os melhores carros, as melhores roupas... quando os rapazes atingem determinada idade é-lhes oferecido um falcão. Há um souq só de falcões. Alguns caríssimos, de milhares de euros.
Já vi miúdos que aparentavam menos de 18 anos a conduzir Porshes e coisas que tais... Claro que sem o mínimo de treino ou minimamente civilizados.

Outro dos problemas deste país é que apesar do dinheiro não há investimento em nada. Investem alguma coisa em desporto. Aliás, gastam muitos milhares em desporto mas que na verdade, em termos de provas como o ATP, ciclismo, etc... não têm a menor relevância para os atletas, que usam os torneios aqui como treino para provas de facto importantes.

Não há investimento cultural. Com excepção do Museu de Arte Islâmica (lindíssimo e do qual falarei num outro post), não há mais nada para fazer.

Nota-se a preocupação com a família. É uma estrutura importante. Vão juntos para os parques e às compras. Claro que os ricos têm uma ou mais filipinas que tomam conta das crianças, mas é curioso ver que os homens, pais, apesar de normalmente andarem à frente das mulheres, pegam nas crianças e brincam com elas. Empurram carrinhos de bebé e dão-lhes atenção.
No entanto, nunca vi crianças mais mal educadas do que aqui. Não há ninguém que lhe pare as birras. Não há ninguém que lhes diga que não podem berrar. Claro que há miúdos birrentos em todas as partes do mundo, mas nunca vi pais/educadores tão pouco interessados na educação das crianças.

Há mesquitas por todo o lado... em Centros Comerciais e em Estações de Serviço. Rezam imenso... Se estivermos no supermercado na exacta hora da reza, começamos a ouvir o corão. O mesmo na televisão: a emissão pára, começam a aparecer imagens de mesquitas e ouvimos o corão.

Não há carne de porco ou derivados e não há álcool para venda em lugar nenhum. Claro que se tivermos autorização de residência ou formos nacionais podemos comprar numa espécie de Makro de álcool que há na cidade.

O que é triste é a hipocrisia destas pessoas, que são as primeiras a vestir-se normalmente quando vão para a Europa. É vê-los a beber álcool no avião e as senhoras a tirar os panos e subitamente ficarem mulheres "normais"... 

Agradeço verdadeiramente todos os dias ter nascido onde nasci. Poder manifestar-me, existir, ser, criticar, adoptar padrões de vida e de conduta. Poder escolher não viver numa hipocrisia.

Vou parar por aqui... começa a ficar chato e só com aspectos negativos. Vou preparar outro post com aquilo que é engraçado e diferente.

8.2.14

"Take the leap"

Há sensivelmente um ano a minha vida começou a mudar.
Claro que eu não sabia, só vim a descobrir algum tempo mais tarde.

Há sensivelmente um ano atrás eu estava cansada, fechada, farta... como qualquer pessoa que perdeu o ponto de equilibrio e balança de um lado para o outro só para se manter em movimento. Sem direcção e só "porque sim".

Há sensivelmente um ano atrás apareceu o A. O A. não apareceu porque ele já existia, mas nunca me tinha permitido vê-lo. Longe, por FB, skype, Whatssapp,... O Qatar nunca tinha existido na minha geografia a não ser por ele.

E foi assim que após quatro meses de distância, e três em presença, com uma viagem à América do Sul pelo meio, percebemos que vivermos longe não fazia sentido.

Pesados os prós e os contras a vida dele aqui no Qatar (sim, estou aqui a viver e para o mês que vem vou viver para Madrid, mas isso é outra história), decidimos que era mais vantajoso eu vir ter com ele. 

O A. voltou em Setembro e passados 4 dias eu avisei na empresa que ía embora porque queria vir ter com ele. A enorme quantidade de trabalho fez com que demorasse dois meses inteiros a despachar os processos que tinha em mãos. Acabei 3 dias antes da data que me tinha comprometido e no dia 18/11 embarquei para Doha.

Se foi um salto no escuro? Não! O amor ilumina os caminhos. E apesar de ser piegas, ser "cliché", é verdade: eu larguei familia, amigos, casa, carro, trabalho por amor e não me arrependo nem um bocadinho.

A vida aqui? Merece outro post! 


20.1.14

9

"Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade


Pra ganhar seu amor fiz mandinga
Fui a ginga de um bom capoeira
Dei rasteira na sua emoção
Com o seu coração fiz zoeira
Fui a beira de um rio e voltei
Uma ceia com pão, vinho e flor
Uma luz para guiar sua estrada
A entrega perfeita do amor
Verdade!


Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade


Como negar essa linda emoção?
Que tanto bem fez pro meu coração?
Pra minha paixão adormecida?

Teu amor meu amor incendeia
Nossa cama parece uma teia
Teu olhar uma luz que clareia
Meu caminho tal qual lua cheia
Eu nem posso pensar te perder


Ai de mim esse amor terminar
Sem você minha felicidade
Morreria de tanto penar
Verdade!"

17.1.14

Das pausas...

A minha vida mudou.

Não foi uma mudança súbita, mas mudou... eu mudei com ela e com os balanços dela...

Ao princípio foi a falta de tempo para escrever, que é sempre a melhor desculpa. Depois foi a inércia, o querer escrever e não saber por onde começar...

Decidi quebrar o silêncio hoje, sem dar grandes explicações, mas quebrar. Dizer que este blog não está encerrado, que não desisti e principalmente a minha resolução de 2014 - Um dia de cada vez!


(E sim a imagem é pirosa, mas assim de repente era a primeira que tinha e convenhamos, queremos é sorrir!)