Lembro-me de uma frase que me repetias vezes sem conta e que mexeu com a minha cabeça de menina sonhadora: "Ninguém muda ninguém". Disseste-a tantas vezes que ficou gravada cá dentro e a vida veio provar-me que tinhas razão.
Penso que é característica do ser-humano tentar moldar o outro a si mesmo. Convenhamos que é mais fácil existirmos perto de pessoas que são parecidas connosco. Que pensam e agem de acordo com aquilo que nós consideramos padrão. Eu era muito assim e agora estou menos assim.
Acredito que as pessoas mudam. Acredito que se alguém se analisar e analisar a sua vida, pode escolher mudar quando reconhece que é mais feliz sendo de outra maneira.
As nossas "não virtudes" são tramadas, especialmente quando não as reconhecemos. Falhamos muito. Eu ainda falho muito.
Às vezes é preciso falhar várias vezes e acabar por magoar alguém para descobrir o caminho certo. Da mesma maneira que é preciso aprender que a 2ª e 3ªs mudanças só se conseguem pôr depois da primeira, e que não vale a pena ir em 5ª se o caminho é de terra batida e aos saltos.
É por isso que não acredito em mudanças de comportamentos, de pensamentos, de condutas de um dia para o outro, de uma semana para outra, de um mês para o outro. Não acredito que alguém mude por medo de perder, por chantagem, por pressão, aquele "tem de ser assim, se não for assim...", mesmo que tudo em processo inconsciente...Não acredito que alguém que mente deixe de mentir só porque foi apanhado. Não acredito que alguém que trai deixe de trair só porque foi descoberto. Não acredito que alguém que diga palavrões deixe de os dizer só porque lhe disseram que era feio, etc...
Mas ao contrário de ti que dizes "é mais fácill os peixes começarem a comer das árvores", acredito que se alguém reconhece que a honestidade é a melhor forma de construir relações e que a fidelidade é o principio base de qualquer uma delas, essa mudança pode ir acontecendo, mas por auto-conhecimento ou por (re) conhecimento e isso demora e demorará...
(Acho que apesar de tudo tenho mais fé no ser-humano do que tu, hein?)