14.1.06

"Somos a soma das nossas decisões"

Há uma altura do filme "Crimes e Pecados", em que a personagem interpretada por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões". Esta frase ficou-me na cabeça e nunca mais saiu.
Tenho a mesma perspectiva: somos o que escolhemos ser, o destino pouco tem a ver com isso. Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos a abdicar de outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar como "a minha vida".
Não é uma tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, estamos a deixar de ser pilotos de avião. Ao optarmos por ser actores, é muito difícil sermos arquitectos. Se quisermos ser psicólogos, pouco tempo vamos ter para sermos historiadores. Não podemos ter tudo.
No amor é a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem um compromisso formal com alguém, a viver de amores e deixando-os ir embora quando acabam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.
As duas opções têm prós e contras: viver sem laços ou viver com laços. Escolha: Morar em Londres ou na Indía? Ter filhos ou não? Fazer de modelo nu ou ser empregada de balcão? Fazer corridas de Kart ou ir para freira? Fumar e beber até à exaustão ou tornarmo-nos vegetarianos e budistas?Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.
Gostava de poder ser uma pessoa diferente de seis em seis meses. Ser casada de 2ª a 6ª feira e solteira aos fins de semana. Viver de livros e musica e dormir sem horas para acordar…

Acho que é por isso que o auto conhecimento é tão importante. Por isso é que é indispensável ler muito, ouvir os outros, viver em vários sítios. Estar atento ao que nos rodeia e não criar preconceitos. As nossas escolhas não podem ser só intuitivas, elas têm obrigatoriamente que reflectir o que nós somos.
É óbvio que é necessário fazer reavaliações de opções, mudar de caminhos… ninguém é igual do princípio ao fim! Mas essas mudanças têm que servir para acrescentar e nunca para anular o que se viveu anteriormente.
A estrada é longa mas o meu tempo é curto…vou ter pressa…muita pressa de viver!

5 comments:

Luisa said...

Com certeza somos um pouquinho inimigos de nós mesmos, não tenho dúvidas disso. E as barreiras são nossas sim. Às vezes ela vem de nossas decisões.
E como tu diz, "somos a soma de nossas decisões", acho que não há nada que nao conseguimos superar, certo? Caminhar todos nós sabemos, o problema é arranjar força pra seguir adiante sem o que antes nos segurava de pé.

beijos :P

AR said...

Fica a vontade... Fica a citação.

R. said...

MAI NADA.....
estupefacta com tanta verdade

yolanda said...

escrevi um post precisamente sobre isso. bjo

luis angel said...

Boa noite. Moro em São Paulo, Brasil e me enviaram esta mensagem como sendo de Pedro Bial, da TV Globo, outros a atribuem a escritora Martha Medeiros mas pela data parece que você é a verdadeira autora. Poderia confirmar? Se sim, poderia dizer seu nome para que eu envie a correção? Grato pela atenção!
Luis Angel
luisangel_santos@uol.com.br
Publicada por Jana em 14.1.06

Escolhas de uma vida

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...!
Pedro Bial